segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Desenvolvimento do transporte aéreo de cargas está travado


Desenvolvimento do transporte aéreo de cargas está travado

Falta infraestrutura para que o transporte de perecíveis e de alto valor agregado seja eficiente

Ideal para o transporte rápido de mercadorias, especialmente as perecíveis ou de maior valor agregado, o modal aéreo sofre pela falta de condições estruturais e operacionais para decolar no Brasil. “A infraestrutura é bastante deficiente”, resume o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snae), José Márcio Mansão.
A Infraero administra no País 34 Terminais de Logística de Carga - Rede Teca, mas a maior parte da demanda - 79% - se concentra apenas em quatro aeroportos: Guarulhos (32,2%), Viracopos (23,4%), Manaus (15,6%) e Galeão (7,9%). Em todos eles, há pressão por investimentos para atender à demanda crescente. No primeiro trimestre do ano foram transportadas 259.619 toneladas por via aérea e a projeção da Infraero é fechar 2012 com o total de 1,26 milhão de toneladas.
O transporte por via aérea, por seu custo mais elevado, está muito ligado às condições macroeconômicas. Melhorou a economia, cresce a procura pelos aviões para levar mercadorias. Por isso, fatores como a cotação do dólar pesam bastante no desempenho do setor. Dólar baixo significa mais importações. Dólar alto, exportações. O mesmo acontece com as cargas expressas, especialmente as adquiridas via e-commerce e que voam pelos céus do País para chegar ao destino dentro do prazo prometido. No entanto, o presidente do Snae diz que investimentos em infraestrutura podem incrementar o uso do modal independente das condições da economia.
Falta de desenvolvimento
Os aeroportos das capitais gaúcha e paranaense são exemplos de dois terminais com demanda pelo transporte aéreo, mas que não podem se desenvolver por falta de condições operacionais. “Curitiba e Porto Alegre precisariam urgentemente de prolongamento de pista para receber os aviões cargueiros, assim como os dois aeroportos têm problemas com neblina frequente e, pela falta do equipamento ILS, ficam sem operar quando há nevoeiros”, diz José Márcio, ao citar as aeronaves de grande porte e que transportam grande volume de carga (as mercadorias menores também viajam nos compartimentos de carga das linhas regulares de passageiros).
As queixas também se estendem à falta de espaço na pista para manobras e estacionamento das aeronaves. A situação se agrava nos terminais mais movimentados, que, até mesmo por falta de pessoal, demoram a liberar as mercadorias, fazendo com que a principal vantagem do avião, a rapidez, se perca.
Para atenuar os problemas, a Infraero anunciou um plano de investimentos para os próximos quatro anos que prevê aporte de R$ 300 milhões para a melhoria das condições de logística de carga aérea no País. Desse total de recursos, R$ 160 milhões fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entre as obras, estão novos terminais de cargas em Porto Alegre e Vitória e a recuperação do terminal de exportação do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Salvador e Curitiba também terão suas instalações ampliadas. Pelos cálculos da estatal, a demanda de carga aérea deve chegar a 3,4 milhões de toneladas em 2017, quase três vezes mais do que deve ser transportado neste ano.
Empresas privadas
Enquanto aguardam as melhorias prometidas pelo setor público, as empresas privadas fazem investimentos próprios para garantir sua competitividade. A Gollog, braço logístico da Gol, inaugurou em fevereiro deste ano um novo terminal de cargas em Guarulhos que permite a movimentação de quase quatro vezes mais cargas que o antigo. A companhia projeta ainda a melhoria das instalações em sete aeroportos no país, incluindo a sua base operacional em Viracopos.
A melhoria das condições econômicas dos brasileiros impulsionou as compras on-line e impactou os negócios da Gollog. “A velocidade e exigência requeridas pelos usuários desse serviço impuseram às empresas de logística e entregas expressas uma mudança no seu perfil de atuação. Pontualidade e informação em tempo real passaram a ser requisitos cada vez mais exigidos, forçando as companhias a investirem em sistemas de monitoramento e qualidade do serviço prestado. Neste cenário, o transporte aéreo de cargas se fortaleceu, pois além de ser o mais rápido e mais regular, é também o que oferece o menor risco, principalmente quando levamos em consideração as distâncias e a qualidade das estradas e ferrovias do país”, diz a companhia, por meio de sua assessoria de imprensa.

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