sábado, 26 de janeiro de 2013

Estruturas de armazenagem: em busca do layout perfeito


Estruturas de armazenagem: em busca do layout perfeito

Conhecer os diversos tipos destes equipamentos ajuda a escolher o ideal para cada operação. Mas nem só isso basta para ter um espaço adequado para as cargas, é o que contam os especialistas na área, citando vários itens importantes.

Saber escolher as estruturas de armazenagem faz parte do detalhado projeto de um Centro de Distribuição ou armazém. Mas vários itens estão interligados, o que exige conhecimento sobre cada um deles para a bom funcionamento das operações. Entre o que deve ser considerado estão: características do prédio em questão, equipamentos de movimentação, software de gestão ou WMS, infraestrutura de dados, telefonia, iluminação, etc., conforme explica o Eng. Jesus Humberto Aleman, diretor do departamento técnico – comercial da Metalsistem do Brasil (Fone: 42 3219.8500). Ele cita:
      
1.Da operacionalidade do CD – Primeiramente tem que existir clareza na conscientização da finalidade, objetivo e operacionalidade do Centro de Distribuição. Como receberá, como armazenará e como expedirá o material do CD.

2.Dos paletes e sua operacionalidade – Como o material será recebido: paletizado ou não paletizado? Em paletes padrão ou on-way? Será necessário repaletizar a mercadoria ou haverá utilização de palete escravo? Qual ou quais serão as alturas da carga nos paletes? Qual ou quais serão as cargas dos paletes?

3.Do melhor modo de armazenar o material – Qual será o melhor modo de armazenar o material em função da quantidade de paletes por item, ou seja: grupos de produtos que serão armazenados no CD que contenham em média poucos paletes de 1 a 5; grupos de produtos que terão como média de armazenagem muitos paletes de 5 a 15; e grupos que terão grandes quantidades de paletes por itens, de 15 a 30 ou mais paletes.

4.Do giro do CD – Quantos dias de estoque haverá no CD, ou em quantos dias ele vai girar? 2, 3 ou 4 dias (CDs de produtos com tempo de flach of de curto prazo, produtos perecíveis com 1, 2, 3 ou 4 semanas), 10, 20 dias (CDs com produtos com prazo de validade maior), 30, 60 dias (CDs com produtos com prazo de validade maior, cuja estratégia de mercado ou prazo de entrega da indústria justifique a armazenagem por maiores tempos.

5.Da filosofia na venda dos produtos (fracionados ou caixa fechada) 
– Como vai ser a filosofia na venda dos produtos no que diz respeito à quantidade? Vai atender venda de produtos fracionados? Vai atender venda de produtos de caixa fechada? Vai atender ambas as situações?

6.Do FIFO, LIFO, FEFO e a necessidade da seletividade dos paletes no CD – Compreender a importância destes princípios é vital na definição das estruturas de um CD, pois leva a delimitar o melhor tipo de estrutura em função da necessidade de seletividade dos produtos [FIFO First in, first out (o primeiro que entra é o primeiro que sai); LIFO last in, first out (o último que entra é o primeiro que sai); LEFO last experied, first out (o primeiro que vence é o primeiro a sair) – este é um conceito que pouquíssimos consultores conhecem ou levam em consideração, mas é de grande importância nestes momentos em que qualquer tipo de desperdício tem de ser eliminado no processo. Não é raro encontrar nos CDs produtos vencidos por não ser levado em consideração este pequeno detalhe. Importante lembrar que a produção de produtos é por lote e, portanto, cada lote tem datas de vencimentos diferentes]; 

7.Das áreas para recebimento e expedição de mercadorias – Dimensionar adequadamente estas áreas certamente tem um reflexo importante no bom funcionamento do CD. Frequentemente encontram-se prédios para CDs com áreas para docas superdimensionadas ou subdimensionadas. Convém lembrar que normalmente existem mezaninos de concreto acima destas áreas e, então, a definição, na maioria dos casos, antecede ao estudo do layout.

8.Da modulação dos pilares do prédio 
– Partindo do princípio de que o prédio em questão está destinado a um CD específico, é importante antes de mais nada definir o layout, para em seguida partir para a modulação dos pilares do prédio. Isto traz uma economia no aproveitamento do espaço físico do CD, caso contrário, estas indefinições se transformam em espaços mal utilizados.

9.Dos equipamentos de movimentação e sala de baterias – Os equipamentos de movimentação são extremamente importantes para o bom funcionamento do CD, entre eles:
      
-    Empilhadeiras – Capacidade de carga, raio de giro, altura de operação, velocidade de operação, autonomia da bateria, entre outras;
-    Transpaleteiras – Capacidade de carga, quantidade de paletes/máquina, velocidade de operação, autonomia da bateria, etc.;
-    Paleteiras – Capacidade de carga.
     
Não convém esquecer-se da sala de baterias, assim como da qualidade dos carrinhos roletados para troca de bateria das empilhadeiras ou transpaleteiras. Importante também mencionar que nem todos os tipos de empilhadeiras possuem as torres aptas a operar em estruturas tipo drive-in e drive-through, que necessitam de torres mais estreitas.

10.Da qualidade do piso do CD – O piso do CD é extremamente importante em dois aspectos:

-    Quanto à capacidade de carga, definido basicamente pela carga dos paletes e altura das estruturas e quantidade de paletes armazenados verticalmente;
-    Quanto ao acabamento do piso para evitar o desgaste prematuro ou o aparecimento de áreas com problemas (trincas ou esfarelamento do concreto). Procurar empresas especializadas no assunto se transforma em economia.
      
11.Dos tipos de estruturas de armazenagem e equipamentos complementares 
– a Tabela 1 mostra os diversos tipos de estruturas existentes para utilização em um CD. O conhecimento adequado de cada sistema de armazenagem certamente é importante para definição do layout. Outro detalhe importante nesta era da tecnologia é a utilização de maquetes eletrônicas, como ferramenta no estudo e análise do CD.
         
Segundo Marcos Passarelli, diretor de Ulma Brasil (Fone: 11 3711.5940), diante deste quadro, deve-se analisar a especificação e a quantidade de equipamentos necessários à movimentação na armazenagem e na mão de obra de abastecimento dos pontos de picking (caso haja) e do fluxo de expedição, para concluir a opção por um sistema convencional de estruturas de armazenagem com empilhadeiras, ou se justifica contemplar uma estrutura de armazenagem verticalizada, com aplicação maior de tecnologia de automação. Ou, em outras palavras, se contemplará por qual tipo de empilhadeira e operacionalidade com mão de obra intensiva ou se o conceito adotado será por transelevadores, menor aporte de mão de obra e maior automação de gestão, etc.

"Esta análise é de fundamental importância, haja vista poderá selar o futuro por questões de inflexibilidade em não conseguir atender ao crescimento devido às possíveis mudanças operacionais, conceito de armazenagem e de movimentação com a respectiva operacionalidade e, por consequência, a tecnologia e a engenharia logística a ser adotada para atender a um patamar de fluxo e a complexidade das operações, no presente e no futuro, etc.”, acrescenta Passarelli.

De forma geral, Eduardo Justino Vessio, diretor de vendas da SSI Schaefer (Fone: 19 3826. 8080), diz que as principais considerações dizem respeito à operação do cliente (como funciona sua operação dentro do armazém), tipos de cargas e ambiente onde a estrutura será instalada (temperatura ambiente ou câmara fria). 

“Um sistema drive-in, por exemplo, não é indicado para operações que possuem alto grau de separação (picking) e/ou necessidade de controle FIFO. Assim como um sistema porta-paletes não é indicado para câmaras frigoríficas, uma vez que se aproveita menos de 25% do espaço cúbico disponível, e o custo do metro quadrado de uma câmara fria é altíssimo”, descreve.

Dessa forma, existem soluções ou um mix de soluções para cada operação, tipo de carga e ambiente de operação.


Já Flavio dos Santos Miranda, diretor comercial da Altamira (Fone: 11 2095.2855), toca em outro ponto: a qualidade dos fornecedores. “Eles devem ser classificados de modo que ofereçam em suas estruturas aços qualificados, além disso, é preciso ser verificado o histórico de cada fornecedor”, expõe.

Finalizando este tópico, Afif Miguel Filho, diretor comercial/industrial da Scheffer Logística e Automação (Fone: 42 3239.0700), diz que ao iniciar um estudo referente à armazenagem de produtos deve-se levar em conta o melhor aproveitamento de espaço, melhor acuracidade de estoque, facilidade no controle, diminuição de itens danificados no manuseio, etc.
    
Estudos “amarrados”

Como foi visto, o estudo das estruturas de armazenagem deve estar “amarrado”, entre outros itens, com o das máquinas de movimentação de cargas. “A definição da empilhadeira está atrelada ao dimensionamento da altura da estrutura em função da elevação e, também, na largura do corredor operacional para que possibilite uma operação com baixo risco”, diz Vale, da Águia.

Flávio Piccinin, gerente de vendas da Isma (Fone: 19 3814.6000), lembra que em um CD não necessariamente os produtos são manuseados somente com empilhadeiras. É importante levar em conta o modo de manuseios dos itens para a elaboração do layout. “Uma operação com cargas fracionadas usualmente é feita manualmente com o auxílio de carrinhos e, em uma operação com cargas paletizadas, o manuseio é feito através de empilhadeiras e paleteiras. Em ambos os casos, os equipamentos de movimentação possuem restrições de medidas e capacidade de carga que devem ser considerados na elaboração do layout. Por exemplo, as empilhadeiras possuem restrições, como corredor operacional mínimo, capacidade máxima de elevação e capacidade de carga de elevação, levando em conta que há uma perda de eficiência (redução na capacidade de carga) da máquina em função da elevação dos garfos”, explica seu ponto de vista.

Quanto ao estudo da movimentação por empilhadeiras, ou por outra tecnologia de movimentação, Passarelli, da Ulma, declara que é necessário optar pela tecnologia adequada, cujo custo benefício seja o mais atraente, levando-se em conta os fluxos e a complexidade das operações logísticas atuais e futuras.

Em outras palavras, ele expõe que a decisão pela tecnologia de movimentação, seja por transelevadores e/ou por empilhadeiras, deverá sempre ser levada em conta, e não simplesmente deixar ”amarrado” em uma ou em outra tecnologia, por premissa básica fundamental em cada projeto de CD. 

"Por consequência deste desvinculamento, deve-se deixar livre para não permitir que o estudo seja tendencioso por uma ou por outra tecnologia, até porque, ao se definir por empilhadeiras, o estudo da qualidade superficial de acabamento do piso deve ser muito bem observado, dado o atrito dos pneus das empilhadeiras que o desgastam, e, ainda, corre-se mais risco de danos nas estruturas de armazenagem. Já o transelevador não danifica a estruturas de armazenagem e independe da qualidade superficial (e de nivelamento) dos pisos por se deslocarem em trilhos calçados e fixados no chão, a despeito da maior concentração de cargas no piso pelos transelevadores. Porém, este conceito economiza área construída e reduz a imobilização devido ao menor investimento em construção civil e na manutenção predial, etc. e ainda preserva áreas disponíveis para atender ao crescimento futuro”, defende o diretor da Ulma.

Dentro deste tema, Miguel Filho, da Scheffer, acrescenta que no uso de transelevadores automáticos para movimentação e armazenagem de cargas, o projeto do piso deve estar amarrado tanto com a estrutura de armazenagem como com o trilho do transelevador, respeitando as cargas estabelecidas pelos fabricantes.

Falando em piso, este é outro dos itens bem citados. “No estudo de implantação do CD, já deve estar prevista a colocação das estruturas metálicas e das cargas que as mesmas exercerão sobre o piso industrial”, declara Miranda, da Altamira. Ao que Aline Iwanski, coordenadora comercial da Longa Industrial (Fone: 15 3262.8100), complementa: “o piso precisa suportar o peso total da estrutura mais o peso da carga que será armazenada”. Dessa forma evitam-se problemas graves e desagradáveis no futuro. 

O piso é, sem dúvida, a base para a circulação dos equipamentos de movimentação e deve possuir planicidade e resistência suficiente para receber as reações provocadas pelas estruturas de armazenagem e pelos equipamentos de movimentação. “O piso deve possuir boa resistência a abrasão, que usualmente é resolvido com a aplicação de epóxi integralmente ou somente nas área de circulação”, salienta Piccinin, da Isma.

Vessio, da SSI Schaefer, considera que é comum se encontrar grandes armazéns que foram mal concebidos, impedindo assim o aproveitamento racional do espaço. “O piso deve seguir as especificações de cargas fornecidas pelo fabricante, e o armazém deve ser concebido com base na estrutura que será instalada”, finaliza. 
 

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